Ajuda humanitária salva muitas vidas humanas. Um dos atores mais importantes é a UE.
Violência e desespero marcam, há três anos, o cotidiano de muita gente na Síria. Mais de 191 000 pessoas foram mortas na guerra civil, segundo os dados das NAÇÕES UNIDAS (ONU). Numerosas moradias, escolas e hospitais foram destruídos. Muitos sírios só veem uma saída: eles abandonam o país. No final de setembro de 2014, o comissariado de refugiados da ONU falou de mais de 3 milhões de refugiados sírios e o Secretariado das NAÇÕES UNIDAS para a Ajuda Humanitária (OCHA) estimou em 6,5 milhões o número dos desterrados dentro do próprio país – a maior catástrofe de refugiados há muitos anos. No ano de 2013, o número de pessoas em fuga em todo o mundo aumentou para 51,2 milhões – o maior número desde a Segunda Guerra Mundial.
Com frequência, sua última esperança é a ajuda do exterior. A União Europeia (UE) foi a mais importante financiadora da ajuda humanitária no mundo em 2013. Ela contribuiu com mais de 1,3 bilhão de euros. Somados à ajuda prestada pelos seus países membros, isto corresponde à metade das verbas mundiais destinadas à ajuda humanitária. Na Síria, por exemplo, a UE pôs à disposição 350 milhões de euros adicionais aos recursos dos anos anteriores e apoiou também os países vizinhos, que acolheram refugiados, com material de ajuda como ambulâncias, aparelhos de calefação e artigos de higiene. Desde a deflagração da guerra civil, a Europa pôs à disposição mais de 2,8 bilhões de euros.
Inúmeros outros conflitos e catástrofes ocupam o mundo ininterruptamente – e, praticamente em todas as partes, a União Europeia tenta ajudar. E nisto, não faz diferença se a situação de emergência foi causada por guerra ou catástrofe natural. Pois no centro da ajuda estão sempre as pessoas.
A maior parte do orçamento da União Europeia para as medidas humanitárias destina-se à ajuda alimentar – as pessoas recebem gêneros alimentícios, dinheiro, vales, sementes e adubos. Além disto, ajuda-se também com alojamentos, água potável pura, assistência médica e instalações sanitárias.
A UE não atua, no entanto, diretamente. Ela apoia cerca de 200 parceiros, que prestam assistência nos respectivos países – entre eles, as NAÇÕES UNIDAS (ONU), organizações não governamentais ou consórcios como o Comitê Internacional da Cruz Vermelha ou a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. A coordenação das concessões de ajuda da UE é assumida pela Direção Geral de Ajuda Humanitária e Prevenção de Catástrofes, cuja sigla é ECHO. “Desde 2010, estas duas questões estão unidas sob o mesmo teto, sua junção torna a coordenação da ajuda ainda mais eficiente”, esclarece Kim Eling. O ALEMÃO é subchefe de gabinete no setor de ajuda humanitária e prevenção de catástrofes da UE. Na Direção Geral de Ajuda Humanitária e Prevenção de Catástrofes trabalham 811 funcionários – 460 deles atuam num total de 44 dependências no exterior. Entre outras coisas, eles controlam os projetos financiados pela União Europeia. Os demais funcionários atuam a partir de Bruxelas.
Salvar vidas humanas, reduzir o sofrimento: estas são as metas, tanto da ajuda humanitária, como da prevenção de catástrofes. “A ajuda humanitária é concedida sobretudo a países fora da UE e disponibiliza ajudas financeiras a organizações independentes”, segundo Eling. Já a prevenção de catástrofes concede ajuda imediata também dentro da UE. E recorre a entidades estatais como o serviço ALEMÃO Technisches Hilfswerk (THW). Quase todos os 80 000 integrantes do THW trabalham como voluntários – e muito: em 2013, estiveram em ação durante 1,9 milhões de horas trabalhadas. Os assistentes têm seu melhor desempenho através de cooperação com outras organizações. Por isto, surgiu em 1991 a ideia de coordenar os programas de ajuda dentro da UE. Naquele ano, inúmeras crises humanitárias, em países como o Afeganistão, Myanmar, Ruanda, Sri Lanka ou Sudão, preocupavam o mundo. Os então doze países membros da UE decidiram fortalecer sua cooperação. Já em 1992, ano da sua fundação, a ECHO pôde dar provas da sua competência: a guerra na antiga Iugoslávia deixou centenas de milhares de pessoas famintas, traumatizadas e banidas da sua terra natal. A UE enviou, entre outras coisas, 300 000 toneladas de gêneros alimentícios, cobertores, colchões e artigos de higiene para a região. Nunca antes, uma organização internacional tinha prestado ajuda humanitária de tais proporções a uma região.
Ao lado de tais ajudas coordenadas entre si, todos os países da UE têm também seus programas próprios. Na Alemanha, o Ministério Federal das Relações Externas é responsável desde 2012 por toda a ajuda humanitária do governo ALEMÃO no exterior. Anteriormente, a responsabilidade também era em parte do Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ). De modo semelhante à União Europeia, também o Ministério Federal das Relações Externas fomenta projetos de ajuda – em 2013, num montante de mais de 358 milhões de euros. Os programas dos países membros da UE, as medidas da ECHO e todos os demais programas mundiais de ajuda são coordenados pela ONU. “As medidas humanitárias da UE e seus países membros permanecem visíveis, mas integram uma ação global”, esclarece o perito Kim Eling. Além disto, os assistentes comprometem-se a agir dentro dos quatro princípios – neutralidade, humanidade, independência e imparcialidade. A importância destes princípios básicos cresce, pois necessita-se cada vez mais de ajuda: para 2014, a ONU calculou um valor-teto de 13 bilhões de euros para todo o mundo.
Maior necessidade significa também mais trabalho. Por isto, a UE emprega cada vez mais voluntários. Na nova iniciativa “EU Aid Volunteers”, ela treina cidadãos engajados para a ajuda humanitária. A partir de 2015, os voluntários viajarão a regiões de catástrofe em todo o mundo e apoiarão as organizações de ajuda no seu trabalho. Inicialmente, o projeto durará até 2020. Até lá, a meta é formar mais de 18 000 cidadãos da UE como voluntários da assistência humanitária. Desta maneira deverão ser formadas também as lideranças do futuro.
Fonte: DE