Crise humanitária em Kobani já deixou quase 1.200 mortos, denuncia ONG

domingo, novembro 16, 2014

Cidade síria de predomínio curdo na fronteira com Turquia é chave para segurar expansão do Estado Islâmico no Oriente Médio

Cortina de fumaça após explosões na fronteira entre Turquia e Síria: combates com EI cada dia mais violentos

Cortina de fumaça após explosões na fronteira entre Turquia e Síria: combates com EI cada dia mais violentos. Efe

Cerca de 1.200 pessoas morreram em dois meses na cidade síria de Kobani, na fronteira com a Turquia, informou neste domingo (16/11) o Observatório Sírio dos Direitos Humanos. Segundo a ONG, os militantes do EI (Estado Islâmico) e combatentes curdos representam a maioria das baixas.

Nesta madrugada, a coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos realizou pelo menos sete ataques noturnos intensos na região, relatou o jornalista curdo sírio, Mustafa Abdi, que está no lado turco da fronteira, à AFP. Segundo Abdi, Kobani passou da defesa para ataque contra os jihadistas, mas tal processo é lento, pois o EI colocou muitas minas no local.

Em setembro, o grupo extremista sunita lançou uma ofensiva contra a região de Kobani, ameaçando a vida de diversos civis curdos sírios, que tentaram fugir para a vizinha Turquia.

De um lado, o EI está ganhando forças e, do outro, nós somos horrivelmente ameaçados na Turquia', relata Wasiq

De um lado, o EI está ganhando forças e, do outro, nós somos horrivelmente ameaçados na Turquia’, relata Wasiq

“Há milhares de pessoas abandonadas do lado da Síria e ninguém mais está vindo até aqui para perguntar como estão essas pessoas. Como elas estão conseguindo sobreviver sem comida, água e teto por tantos dias? Não há imprensa aqui, nem local nem internacional. Para onde foram todos os que desapareceram?”,  questiona Wasiq Mam, um refugiado curdo sírio de 45 anos que conseguiu fugir de Kobani para a Turquia, em relato de acesso exclusivo de Opera Mundi.

“Nós estamos sendo sacrificados, da mesma maneira que já fomos sacrificados antes na história. Nós sabemos que, enquanto nossa juventude derrama seu sangue e é decapitada por terroristas de sangue frio, o mundo de sangue frio está assistindo em silêncio”, acrescentou Mam.

Em meio ao desastre humanitário em Kobani, a Turquia foi criticada pela coalizão liderada pelos EUA e pressionada a tomar mais atitudes para impedir a expansão do EI.  Em virtude de um histórico conflituoso com os curdos, a política de Ancara por muito tempo se recusou a permitir a passagem dos milicianos curdos por sua fronteira, que é o único corredor de entrada para Kobani.

Crianças em campos de refugiados curdos: principais vítimas de expansão do Estado Islâmico na região são civis

Crianças em campos de refugiados curdos: principais vítimas de expansão do Estado Islâmico na região são civis

No início de outubro, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, chegou a afirmar que seu governo não daria apoio às milícias curdas em Kobani por considerá-las “terroristas”, já que as autoridades turcas têm uma frágil relação com os combatentes do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), embora este grupo não represente a totalidade dos milicianos curdos na luta contra o EI.

No fim de outubro, a Turquia mudou o tom e decidiu ajudar as tropas curdo-iraquianas a atravessar o território turco para chegar à Kobani, cercada pelo grupo extremista. Contudo, o número de mortes na região continua a subir e a situação em Kobani ainda não está sob controle.

Fonte: Ópera Mundi


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