20 de junho: A história mais urgente dos nossos tempos é recorrente e exige a nossa reflexão

sexta-feira, junho 13, 2014

refugiados_IKMRSempre houve pessoas perseguidas pelas suas ideias ou convicções, pela sua origem étnica, pelas suas crenças religiosas, pela intolerância e ofensa a direitos humanos fundamentais ou, simplesmente, pessoas forçadas a fugir, a abandonar tudo, porque são apanhadas no fogo cruzado das guerras… É um fenómeno recorrente na História da Humanidade.

Em meados do século passado, no rescaldo das duas Grandes Guerras, só na Europa havia cerca de 60 milhões de deslocados. Durante a Guerra Fria que se sucedeu, os conflitos multiplicaram-se, gerando deslocações forçadas, muitas delas de larga escala.
O conflito israelo-árabe mantém-se ininterruptamente aceso, por vezes ao rubro, desde 1949, ano da criação do Estado de Israel, originando milhões de refugiados (atualmente, cerca de 5 milhões).
As guerras anticoloniais iniciaram-se com a da Argélia, em 1954. Nas duas décadas seguintes, os impérios coloniais foram desmantelados, com deslocações maciças de população, entre as quais cerca de um milhão de portugueses. Na “Indochina Francesa”, a guerra no Vietname arrastou-se por 30 anos. A vitória dos comunistas em 1975 no Vietname, Laos e Camboja continuou a gerar milhões de refugiados.
A América Latina passou por um ciclo de repressão brutal e de violência iniciado com o golpe de Pinochet em 1973, no Chile. As guerras civis na Nicarágua, em El Salvador e na Guatemala desenraizaram mais de dois milhões de pessoas. A guerrilha na Colômbia mantém-se ativa até aos dias de hoje fazendo com que este país esteja, a nível mundial, em segundo lugar no número de deslocados internos – cerca de 5 milhões, atualmente (só este ano este número foi ultrapassado pela Síria).
Também na primeira metade dos anos 70, começaram no Afeganistão as fricções entre fundamentalistas religiosos e socialistas. Este país foi durante muitos anos o maior país de origem de refugiados no mundo (também este ano foi ultrapassado pela Síria) e costuma ser apontado, tal como o Vietname, como paradigma das guerras por procuração das duas potências então hegemónicas. Ainda hoje, são cerca de 2,5 milhões de refugiados, principalmente concentrados nos vizinhos Paquistão e Irão.
Com o desmoronar da Cortina de Ferro, fins dos anos 80, dizia-se que o mundo iria ter alguma Paz porque tinham acabado as “guerras por procuração” mas logo em agosto de 1990 tem início a I Guerra do Golfo e escassos anos depois, em 1994, aconteceu o genocídio do Ruanda. Foi também nos anos 90 que a barbárie voltou à Europa durante a desagregação da Jugoslávia.
Entretanto, perpetuam-se velhos conflitos que se reacendem, por vezes, com forte intensidade, por exemplo nos países africanos do Sub-Saara com fronteiras que foram desenhadas “a régua e esquadro” pelas potências coloniais – Sudão, Eritreia, Etiópia, Chade (Darfur), Somália… Pelo caminho, ficaram as duas “Guerras do Golfo” (havendo ainda, presentemente, cerca de 0,5 milhão de iraquianos refugiados no exterior e 1,5 milhões de deslocados internos no país), para não mencionar numerosas deslocações forçadas de população em conflitos de todos os tamanhos em outras partes do mundo.
As novas tecnologias não só nos permitem assistir hoje às guerras em direto como vieram trazer novas formas de informação e comunicação. Um pouco por todo o lado, surgem tumultos e conflitos, alguns evoluindo para guerras que se propagam de forma incontrolável – a “Primavera Árabe” é o seu expoente máximo. Atualmente, o conflito sírio está a gerar milhões de refugiados e deslocados internos, assumindo proporções ímpares depois das duas Grandes Guerras: mais de 2,6 milhões de refugiados e cerca de metade da população deslocada internamente (6,5 milhões). Na República Centro-Africana e Sudão do Sul temem-se mais massacres e situações de genocídio. E estes são apenas alguns exemplos dos conflitos em curso.
As pessoas refugiadas no exterior e deslocadas internamente nos seus países, devido a perseguições e a situações de guerra ou conflitos, são hoje mais de 50 milhões. A forma breve e insistente como a informação nos chega através dos grandes meios de comunicação faz com que, frequentemente, nos esqueçamos que esses milhões são mesmo um somatório de pessoas, com que situações de grande sofrimento acabem por ser banalizadas. Se representássemos os 50 milhões num mapa-mundo, veríamos que se distribuem um pouco por todo o lado mas com manchas densas num raio relativamente próximo das zonas de conflito. Se no nosso pequeno tabletfizéssemos zoom e zoom, muitas vezes, veríamos finalmente um pontinho que corresponde a uma pessoa que se poderia chamar Zé, Maria, Alexandre… É cada uma dessas pessoas, a sua coragem, a sua determinação, a sua resiliência, que homenageamos a 20 de junho, o Dia Mundial do Refugiado.
Fonte: CPR

 


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