Ao menos 50 mil crianças sírias refugiadas no Líbano estão em condições de exploração de trabalho infantil, sendo submetidas a jornadas de até 12 horas por dia para pagar por comida e abrigo para suas famílias, revelou a organização Care nesta quinta-feira (12/06), dia internacional contra o trabalho Infantil.
Consultadas pela instituição humanitária, as crianças relatam que ganham menos de US$ 5 (R$ 11) por dia como vendedores ambulantes. Outras dizem trabalhar em mercados, fazendas e até obras. No Líbano, apenas 30% dos filhos de refugiados sírios frequentam escolas. Já na Jordânia, o trabalho infantil dobrou e envolve 60 mil crianças, informou a Care.
No início da semana, o Banco Central libanês anunciou que os refugiados sírios já são 25% da população do Líbano e custam US$ 4,5 bilhões (R$ 10 bi) anualmente. Isto significa que o país vizinho, de 4 milhões de habitantes, já acolheu mais de um milhão de pessoas que fugiram da guerra civil que, até agora, matou mais de 160 mil pessoas e que se arrasta há três anos entre os grupos de oposição e as forças leais a Bashar al Assad.
“As condições são difíceis e a segurança das crianças não está garantida”, disse Johanna Mitscherlich, Coordenadora de Comunicações de Emergência Regional para a Care, à Reuters. Ela acrescenta que a maioria das famílias enfrenta dificuldade em conseguir ter uma ou duas refeições por dia.
Divulgado no fim de maio, um estudo realizado pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) aponta que mais da metade de todas as crianças em idade escolar (51,8%) já não frequenta mais instituições de ensino.
Coletados entre julho e dezembro de 2013, os dados revelam também que a Síria é afetada por um desemprego que atinge 54,3% da população ativa, com 3,39 milhões de pessoas fora do mercado de trabalho. Destas, 2,67 milhões perderam seus empregos durante o conflito. Em maio, o FMI (Fundo Monetário Internacional) estimou que o desemprego dobrou no Líbano, afetando assim cerca de 20% da população ativa, em virtude da guerra civil na Síria.
Fonte: Ópera Mundi