A Associação de Beneficência dos Refugiados, uma organização não-governamental de Macau, promove no próximo domingo a exibição de um filme para despertar consciências para a realidade em que vivem os refugiados em todo o mundo.
“A economia encontra-se num patamar em que podemos dizer que vivemos seguros ou com um certo bem-estar. Porém, há milhares de pessoas que sofrem em todo o mundo por terem sido obrigadas a deixar as suas casas devido a conflitos ou desastres naturais e o nível de conhecimento ou sensibilidade ainda é muito reduzido em Macau”, disse o presidente da Associação de Beneficência dos Refugiados, Paul Pun, em declarações à agência Lusa, no Dia Mundial do Refugiado, que hoje se assinala.
Neste sentido, e na tentativa de contribuir para uma maior consciencialização, Paul Pun decidiu criar uma “oportunidade”, promovendo a exibição, no próximo domingo, do filme “Reel Time: Banished Kids”, uma das sete películas que consta do cartaz do sétimo festival de cinema organizado pela delegação do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) em Hong Kong, que arrancou hoje na antiga colónia britânica e se prolonga até à próxima quarta-feira, dia 25.
O realizador do filme, o filipino Eleazar Del Rosario, estará em Macau para um encontro com o público, onde falará sobre o conceito de “apátrida”.
O documentário descreve como crianças da ilha filipina de Mindanao acabaram à deriva na Malásia, na sequência do conflito civil, vendo os seus direitos mais fundamentais, como acesso à educação, negados.
As receitas das vendas dos bilhetes, cujo preço é de 50 patacas (4,6 euros), vão reverter para a causa, indicou Paul Pun, que se manifestou apreensivo relativamente à adesão à iniciativa do próximo domingo.
Desde que foi criada em setembro de 2011, a Associação de Beneficência dos Refugiados recebeu “meia dúzia” de requerentes de asilo, alguns dos quais ainda se encontram no território, indicou, dando conta de que não tem conhecimento de que até à data alguma vez Macau tenha reconhecido o estatuto de refugiado.
A ajuda facultada aos requerentes de asilo passa sobretudo pelo apoio psicológico. “Eles ficam à espera, à espera…”, sendo nessa fase que carecem de uma mão amiga, lamentou o responsável, indicando que, por vezes, a associação os integra, se assim for a sua vontade, nas suas atividades culturais.
“Nós devemos desempenhar um papel. Nós podemos dar um contributo”, defendeu Paul Pun, que viveu de perto a vaga de refugiados que invadiu Macau nas décadas de 1970 e 1980, em jeito de apelo aos residentes de Macau para que olhem para a realidade em que vivem milhares de pessoas em todo o mundo.
Paul Pun é, ao mesmo tempo, presidente da Caritas, organização humanitária que nasceu na década de 1950 precisamente com a missão de ajudar os refugiados em Macau.
No plano de atividades para este ano, a Associação de Beneficência dos Refugiados incluiu um programa que inclui visitas às escolas secundárias e universidades para promover a educação sobre o tema, contando designadamente a triste história das crianças na Síria.
Continuar as ações de angariação de fundos e participar em iniciativas internacionais sobre os refugiados para reforçar os conhecimentos e ficar a par das práticas são ‘missões’ que se mantêm no plano da Associação de Beneficência dos Refugiados.
Na mais recente atividade, feita através da venda de materiais, como autocolantes, foram angariadas 180 mil patacas (cerca de 17 mil euros), verba que foi entregue ao ACNUR, adiantou Paul Pun.
Fonte: sapo.tl