Atentado na Nigéria gera temor e revolta

quinta-feira, junho 26, 2014

Mais de 20 pessoas morreram num atentado à bomba no centro da capital nigeriana, Abuja. A revolta se alastra entre a população: muitos culpam o Estado, apontando falhas nas medidas de segurança.

crime“Desapareçam! Nós não queremos falar agora. Nós estamos é cheios de raiva!”, grita um homem corpulento ao microfone, com o punho em riste. Os amigos a seu redor assentem com a cabeça.

O pequeno grupo é parte da centena de pessoas que se reuniram próximo ao centro comercial Emab Plaza, localizado no bairro de Wuse 2, no centro de Abuja. A rua comercial é movimentada: justamente à noite, quando inúmeros moradores retornam aos subúrbios, formam-se longos congestionamentos.

A rua diante do edifício de dois andares, com várias lojinhas, está isolada. A fita amarela da polícia tremula ao vento. Às 16 horas desta quarta-feira (25/06), uma bomba explodiu no local, causando, no mínimo, 22 mortes. De acordo com a polícia, houve 17 feridos, que estão sendo tratados em cinco hospitais.

Horas mais tarde, à luz de holofotes, unidades especiais ainda tentam coletar possíveis indícios. Os escombros dos automóveis ao redor do edifício de cor bege demonstram a gravidade do ataque. A polícia informa que pelo menos 17 veículos se incendiaram.

Suspeitas recaem sobre Boko Haram

A atentado em Wuse 2 é o terceiro deste ano, na capital nigeriana. Em abril e maio, 120 pessoas perderam a vida no bairro de Nyanya, na zona sul. Nesta quarta-feira, um outro ataque ocorrera num mercado da cidade de Mubi, no estado de Adawama – aparentemente, sem mortes, segundo informes da imprensa local. Até o momento, ninguém assumiu a autoria dos atentados, porém na Nigéria parte-se do princípio que tenham sido perpetrados pelo grupo fundamentalista Boko Haram.

Horas após a explosão em Abuja, permanece grande o pavor de saber que os terroristas são capazes de atacar em pleno centro da capital. Muitos curiosos discutem em voz alta, dezenas de policiais tentam acalmá-los. Um homem apela: “Só quero saber o que aconteceu com o meu amigo, ele ia fazer compras aqui.”

Atrás do cordão de isolamento da polícia, Chuks Ekwireke, da administração do Emab Plaza, meneia a cabeça, perplexo. “Eu estava um pouco afastado. Quando a coisa estourou, eu estava na minha loja. De repente, ouvimos a explosão, e eu vi a fumaça e o fogo subirem. Quando saí da loja, as pessoas começaram a correr.”

Testemunhas afirmam que um automóvel pequeno estava estacionado em frente ao portão de entrada. Alguns passantes teriam estranhado e perguntado quem seria o proprietário. Suspeita-se que os explosivos pudessem estar escondidos no veículo. Até a noite de quinta-feira, a polícia não havia fornecido detalhes.

Ekwireke expressa o sentimento generalizado: “Ninguém mais está seguro em Abuja. Melhor dizendo, ninguém mais está seguro em toda a Nigéria.” Ele teme novos ataques: afinal de contas, não se sabe qual será o próximo alvo.

Revoltados com o governo

Nas últimas semanas, ficou claro que os atos são totalmente imprevisíveis. Nos últimos tempos, o Boko Haram voltou a investir com maior frequência contra vilarejos remotos no norte do país, próximo à fronteira com os Camarões, numa região de baixa segurança. Critica-se que, apesar disso, a presença policial e militar não tenha sido reforçada.

Os novos sequestros no início da semana igualmente alastram o terror entre a população. No estado de Borno, suspeitos de pertencerem ao Boko Haram raptaram cerca de 60 mulheres e meninas. O caso evoca o sequestro de quase 300 estudantes, em abril, no vilarejo de Chibok, no mesmo estado. As jovens ainda se encontram nas mãos dos terroristas.

Abuja, contudo, estava em paz nas últimas oito semanas. O fato de serem novamente atingidos pela violência enche os habitantes da capital da Nigéria não só medo, mas também de raiva. “A elite da nossa liderança não pode nos dizer que não sabe o que aconteceu. Eles sabem exatamente o que está errado”, comenta o empresário Abdu Kaze, exaltado.

Kaze tenta falar com calma, mas nem sempre consegue. O que mais o enfurece é o fracasso das medidas de segurança do governo. “Afinal de contas, tem várias barreiras de rua e postos de controle policial, bem perto daqui. Se eles funcionassem, muita gente não teria perdido a vida hoje.”

Fonte: DW


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