Agências das Nações Unidas estão aumentando seus esforços para ajudar as dezenas de civis deslocadas pela violência na República Centro-Africana (RCA) que, segundo relatos, ultrapassam 100 mil apenas na capital, Bangui, trazendo o número total de deslocados, desde que o conflito começou há um ano, para meio milhão.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) disse que um número estimado de 108 mil pessoas estariam em 30 localidades em Bangui, após terem sido deslocados pelo conflito entre rebeldes do ex-grupo Séléka e outros grupos de milícia, como os anti-Balaka, na semana passada.
Segundo o ACNUR, as pessoas deslocadas dentro do país estão hospedadas principalmente em igrejas, mesquitas, prédios públicos e no aeroporto. As condições de vida são “terríveis” em muitos dos locais que hospedam os deslocados, em especial no aeroporto e em um mosteiro local, disse Adrian Edwards, porta-voz da agência em Genebra.
“As pessoas lá estão dormindo ao relento e está chovendo. Muitos dos deslocados passam a noite nos locais e, em seguida, voltam para casa durante o dia. Mas porque eles temem ataques noturnos por elementos armados, eles voltam aos locais dos deslocados antes do toque de recolher das 18h”, afirmou Edwards.
O ACNUR e seus parceiros têm distribuído tendas, cobertores, colchonetes e outros itens de alívio para ajudar no sofrimento da maioria, formada por mulheres e crianças.
A porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Marixie Mercado, disse que o UNICEF trará remédios e suprimentos de emergência para vários lugares de hospedagem em Bangui e aos dois principais hospitais que estão tratando os feridos.
O número de deslocados tem crescido nos últimos dias em Bossangoa, onde o UNICEF continua fornecendo água potável e suprimentos de emergência. A agência está trabalhando com parceiros para chegar às crianças e famílias com assistência de emergência, onde os acessos de segurança permitem. No entanto, sabe-se que 10 mil crianças e famílias têm se escondido no mato, totalmente fora de alcance, por meses, observou Mercado.
“O UNICEF repete seu apelo aos líderes de todos os grupos armados para parar com os ataques contra civis, para proteger hospitais e campos de deslocados e para fornecer o espaço necessário para os trabalhadores humanitários alcançarem as pessoas com o apoio crítico”, acrescentou.
Para responder às necessidades imediatas, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) está fornecendo ajuda alimentar às pessoas afetadas em toda a capital, bem como em Bossangoa, disse a agência em um comunicado.
“A situação humanitária na República Centro-Africana continua crítica e vai piorar conforme as pessoas continuem a ser afetadas pela violência. O PMA, em conjunto com parceiros, precisa estar na linha de frente para dar apoio e ajudar os mais vulneráveis”, disse Guy Adoua, o diretor nacional da agência da ONU para alimentação.
Segundo o porta-voz do Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Jens laerke, o apelo humanitário por 95 milhões de dólares lançado no início do ano para a RCA tem, atualmente, 45% de financiamento. O apelo não levou em conta os últimos deslocamentos e as consequências humanitárias, ele destacou.
Fonte: ONU