Quatro anos após o gravíssimo terremoto de 7,3 graus na escala Richter que deixou 300 mil mortos no Haiti, mais de 90% das pessoas que ficaram desabrigadas conseguiram voltar a seus lares de origem. Cerca de 146 mil haitianos continuam, contudo, vivendo em situação de extrema vulnerabilidade espalhados em 271 campos de refugiados no país, segundo dados da OIM (Organização Internacional de Migrações).
No dia 12 de janeiro de 2010, o terremoto de alta intensidade arrasou o país e deixou cerca de 1,5 milhão de pessoas desabrigadas. Prédios públicos, hospitais, escolas e casas foram destruídas. Estima-se que, além dos milhares de mortos, o incidente tenha deixado um prejuízo material no valor de US$ 7 bilhões (cerca de R$ 16,5 bilhões).
O episódio despertou grande comoção mundial e uma série de ações de apoio coordenadas por diversas organizações estrangeiras. Entre as vítimas, estavam a médica Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança, 18 militares brasileiros e o vice-representante especial do secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Luiz Carlos da Costa.
Muito embora 90% dos refugiados tenham conseguido retornar a seus lares, os que permanecem desabrigados vivem em situação de pobreza extrema. Os milhares de haitianos sem casa habitam tendas de campanha feitas para durar apenas seis meses; mas onde já estão há quatro anos.
Grande parte das latrinas já não funciona mais e os serviços básicos são escassos. Além disso, correm risco de sofrer violência, especialmente sexual ou o despejo forçado. Boa parte destes haitianos, além de terem ficado sem lar após o terremoto, perderam seu emprego por alguma incapacidade que, após a tragédia, torna impossível exercer o trabalho de antes.
Uma pesquisa realizada pela Direção Geral de Água Potável do Haiti em 65 campos de refugiados constatou que 92% das instalações sofrem inundações recorrentes. Além disso, 88% dos campos está sem sistema de saneamento básico.
Durante todo o domingo no Haiti, a bandeira oficial permanecerá hasteada a meio mastro, como um gesto de luto, reflexão e recordação em nome das milhares de vítimas no país caribenho, o Estado mais pobre do hemisfério ocidental.
Em comunicado, a OEA (Organização dos Estados Americanos) parabenizou o governo do presidente Michel Martelly e o povo haitiano pelos esforços empreendidos para superar as consequências da tragédia.
Ao participar de uma cerimônia em homenagem às vítimas, Martelly assegurou que a nação haitiana “avança para a mudança” e para a “reconstrução do país”.
Participação brasileira
O Brasil passou a ser um dos principais colaboradores dos trabalhos coordenado pela ONU no processo de reconstrução e capacitação profissional do Haiti e para redução da tragédia humanitária no país. A reorganização do Haiti ainda está em andamento e conta com o apoio de uma ação coordenada pelos Estados Unidos e pela comunidade internacional.
Além de ajudar na reconstrução do país, o Brasil é o maior fornecedor de tropas para a Minustah (Missão de Paz das Nações Unidas), que está no Haiti desde 2004. As tropas têm o objetivo de garantir a estabilidade e segurança do país. Os militares brasileiros trabalham também no desenvolvimento urbano com projetos de engenharia, como pavimentação de ruas e iluminação pública, além de projetos sociais.
O governo brasileiro investe ainda em projetos de cooperação técnica, especialmente na área de saúde, com a construção de três hospitais, dois laboratórios regionais, um centro de reabilitação, além da formação profissional de 2 mil agentes de saúde, no valor de US$ 70 milhões. O Brasil assinou ainda um acordo para a construção de uma usina hidroelétrica projetada pelo Exército Brasileiro, que fornecerá eletricidade para mais de 1 milhão de famílias. A usina fica a 60 quilômetros da capital, Porto Príncipe.
Fonte: Opera Mundi