Segundo o Escritório de Direitos Humanos da ONU, os civis da República Centro-Africana enfrentam “graves violações dos direitos humanos”. Um relatório preliminar cita assassinatos extrajudiciais, violência sexual, mutilações, desaparecimentos forçados e estupros.
Em Genebra, o porta-voz do escritório, Rupert Colville, destacou que os civis tornaram-se alvo da violência, baseada em suas posições religiosas.
Cristãos e Muçulmanos
Colville explicou que foram documentados vários casos de assassinatos extrajudiciais na capital do país, Bangui, nos dias 5 e 6 de dezembro, após um ataque coordenado por forças anti-Balaka, de maioria cristã. Foram mortos integrantes das forças ex-Séléka, mas também civis muçulmanos.
Na sequência, em uma represália dos rebeldes ex-Séléka, vários civis foram executados, incluindo homens e meninos. O relatório também confirma que pelo menos 40 pessoas foram assassinadas em Bangui desde a última sexta-feira.
Perigos
A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, alerta que a segurança no país continua muito instável e perigosa, com riscos de novos ataques e de violações em massa dos direitos humanos.
O relatório completo sobre a situação na República Centro-Africana será apresentado na próxima segunda-feira no Conselho de Direitos Humanos.
Já o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, destaca que 2,3 milhões de crianças precisam de assistência no país. O porta-voz da agência, Kent Page, está em Bangui e contou à Rádio ONU que os menores são testemunhas de muitas “atrocidades”.
Granadas e Machetes
De acordo com Page, as crianças da República Centro-Africana são vítimas de tiros e de ataques com granadas ou machetes. Devido à violência, a maioria dos menores não frequenta a escola há um ano. O porta-voz afirma que o Unicef trabalha “contra o relógio” para atender os menores.
O Programa Mundial de Alimentos está fornecendo comida para 100 mil civis que buscaram refúgio no aeroporto internacional de Bangui. Mas a meta é atender 1,25 milhão nos primeiros oito meses desde ano.
Para isso, a agência precisa de US$ 107 milhões, principalmente para garantir estoques de alimentos antes do início da temporada de chuvas em maio. Segundo o PMA, o Brasil foi um dos países que enviaram ajuda para a República Centro-Africana no ano passado.
Já a Organização Internacional para Migrações começa esta terça-feira a retirar 550 migrantes do Mali que ficaram presos no meio da violência da República Centro-Africana. Os civis devem voltar ao Mali de avião, numa viagem que irá durar cinco horas.
Fonte: ONU