O ministro das Relações Exteriores iraquiano, Hoshyar Zebari, advertiu nesta sexta-feira sobre o perigo que a expansão de grupos relacionados com a Al Qaeda, que combatem na Síria, acabe afetando os países vizinhos, como já ocorre com o Iraque.
“É impossível conter o conflito dentro das fronteiras da Síria: nós já estamos sofrendo a expansão de grupos terroristas como ÍSIS (Estado Islâmico do Iraque e o Levante) e outros vinculados à Al Qaeda”, assegurou o ministro em entrevista coletiva em um campo de refugiados sírio no sul da Turquia transmitida ao vivo.
Zebari participou hoje de uma reunião com seu colega turco, Ahmet Davutoglu, o alto comissário das Nações Unidas para os refugiados, António Guterres, e delegados do Líbano, Jordânia e Egito, para tentar buscar soluções ao drama que vivem os refugiados sírios na região.
O ministro apontou que é preciso buscar uma solução negociada na reunião Genebra II, que será realizada na próxima quarta-feira em Montreux (Suíça), já que “uma solução militar é impossível”.
“Não esperamos soluções mágicas em Genebra II porque não há, mas pedimos que seja aproveitada a oportunidade incondicional; há um diferença entre o que desejamos e o que somos capazes de conseguir”, ressaltou.
Zebari falou sobre “o sectarismo e o extremismo que envenenam o conflito” e lembrou que “as soluções militares são testadas há três anos e não funcionaram: Bashar Al-Assad segue aí, e a oposição segue, mas lutando entre eles mesmos, enquanto alguns grupos extremistas parecem ganhar terreno”.
“A ameaça da Al Qaeda é real: ÍSIS, Frente al Nusra… todos são terroristas e compartilham o mesmo ideal, são “takfiris” que odeiam a vida”, abundou Zebari.
O termo “takfiri” descreve a ideologia islamita extrema que classifica de herege e permite assassinar qualquer muçulmano que não aderir à interpretação estrita e muito minoritária defendida por seus seguidores.
Davutoglu reconheceu o caráter “terrorista” dos grupos vinculados à Al Qaeda e prometeu respaldar o Iraque em sua luta, mas rejeitou associar a oposição síria em conjunto ao terrorismo islamita.
“Os radicais chegaram à região após dois anos nos quais Damasco apostou pela opção militar; o sectarismo foi suscitado pelo próprio regime para sobreviver”, lembrou o ministro turco.
“O regime está proporcionando apoio logístico a elementos da Al Qaeda porque o convém”, recalcou Davutoglu, em consonância com a Coalizão Nacional Síria, que está há semanas denunciando a ÍSIS como “uma mina plantada por Assad”.
Fonte: Exame