A ministra italiana dos Negócios estrangeiros, Emma Bonino, não tem dúvidas em considerar que a comunidade internacional “fracassou em larga escala” na ajuda humanitária à Síria. Em Roma, onde abriu a reunião de um grupo de trabalho internacional sobre os desafios humanitários colocados pela guerra civil síria, a ministra italiana fez um retrato negro da situação no terreno.
“Mais de 100.000 pessoas foram mortas, centenas de milhar foram feridas. As violações dos Direitos do Homem e das leis humanitárias internacionais são enormes o que faz da crise síria a pior tragédia humanitária da nossa época, tendo em conta o número de civis implicados,” considerou a responsável italiana.
“As coisas não avançam. Pelo contrário, devemos admitir que a comunidade internacional fracassou em larga escala na garantia da ajuda humanitária na proporções desejadas,” acrescentou Bonino, que afirma que está “tudo pronto” para o auxílio entrar no país.
“Praticamente está tudo pronto para entrar na Síria e aligeirar os sofrimentos da população. A questão não é “temos nós medicamentos suficientes, alimentos suficientes, transportes suficientes, meios de distribuição suficientes.” Está tudo pronto. Por isso a vergonha é nossa,” considerou a ministra italiana.
A vice-secretaria-geral da ONU Valerie Amos e a comissária europeia para o auxílio humanitário, Kristalina Georgieva, participam igualmente da reunião em Roma sobre a vertente humanitária da guerra civil síria.
PAM reduz projetos
De acordo com a ONU em três anos o conflito fez mais de 130 mil mortos e mais de dois milhões de refugiados e de deslocados, número que deverá duplicar até ao fim do ano.
Os apelos da ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) por cinco mil milhões de euros de financiamento para o auxílio aos civis sírios fugidos da guerra têm sido em geral ignorados pela comunidade internacional.
Pedidos para mais países receberem os refugiados sírios têm também ficado sem resposta.
A diretora do Programa Alimentar Mundial da ONU afirmou esta-segunda-feira que o PAM está a reduzir projetos em vários países devido ao défice de financiamento de mil milhões de dólares (741,2 milhões de euros). As despesas de missões como na Síria, estarão na origem da redução.
A escassa ajuda que consegue chegar à população civil na Síria, como sucedeu este domingo num campo de refugiados palestinianos nos arredores de Damasco, é ainda muitas vezes desviada por grupos armados e por bandidos, que vendem depois os bens essenciais no mercado negro, a valores exorbitantes.
Fonte: RTP