As fronteiras norte e leste do Líbano com a Síria, país em guerra há quase três anos, apresentam a um viajante estrangeiro muito mais do que paisagens exuberantes e montanhas cobertas de neve. Famílias sírias se aglomeram em acampamentos de tendas improvisadas e vivem da ajuda eventual de agências humanitárias e de doações de populações locais.
O impressionante número de acampamentos faz jus às assustadoras estatísticas do conflito sírio – segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o número de desalojados já chega a 6,5 milhões de pessoas, com mais de 2,3 milhões registrados como refugiados em países como Turquia, Jordânia, Iraque e o Líbano. Cerca de 20% destes refugiados vivem em campos, enquanto outros acharam abrigo em outras comunidades.
No dia 14 deste mês, um encontro de organizações não-governamentais no Kuwait conseguiu levantar 400 milhões de dólares para aliviar a situação de sírios afetados pelo conflito civil. A ONU e agências de ajuda a refugiados lutam contra a escassez de verbas e dizem que são necessários mais de 6 bilhões de dólares para atender o crescente número de pessoas afetadas dentro e fora da Síria.
Mas nos campos de tendas no Líbano, refugiados tentam levar a vida e lidar com o frio, com a escassez de alimentos e água potável, condições de infraestrutura e assistência médica precárias. Enquanto alguns homens e mulheres conseguem trabalhos eventuais em troca de pagamentos baixos, outros permanecem nos campos realizando tarefas diárias.
Uma das dificuldades encontradas por muitos refugiados é conseguir o registro junto à agência de refugiados da ONU, a Acnur, e receber, através de organizações humanitárias parceiras, diversos benefícios, como material para construir tendas provisórias, alimentos, remédios e outros produtos essenciais. Muitos, chegam ao Líbano sem toda a documentação necessária. E isso ocorre por diversos motivos, o mais comum, porque os papéis foram perdidos em meio aos escombros de casas deixadas para trás.
A reportagem do site de VEJA conversou com alguns destes homens, mulheres e crianças sobre seus dramas pessoais desde que vieram de suas cidades na Síria, e suas lutas por sobrevivência em meio à esperança de um dia voltarem ao seu país, onde a guerra já deixou mais de 100 000 mortos, em quase três anos.
Fonte: Veja