Nairóbi (RV) – Cerca de mil pessoas, a maioria muçulmanos, estão refugiadas há semanas em uma Paróquia de Carnot, região oeste da República Centro Africana, ameaçadas por milícias cristãs, denunciou nesta sexta-feira a organização ‘Médicos Sem Fronteiras’ (MSF).
Grande parte dos 45 mil habitantes já fugiu da localidade, desde que a milícia muçulmana Séléka foi expulsa pelas milícias cristãs ‘Anti-Balaka’, em 1º de fevereiro. “Com a chegada de mais grupos ‘Anti-Balaka’, a tensão aumenta diariamente. O sacerdote da paróquia foi ameaçado várias vezes. São feitos seqüestros para obter resgates”, afirmou a MSF, que trabalha em Carnot desde 2010.
“Homens violentos armados, com pistolas na mão, ameaçam matar todos os muçulmanos da cidade e persegui-los numa busca geral, casa por casa. Quem ocultar muçulmanos, também corre riscos”, denuncia a organização humanitária.
Como exemplo da violência reinante na região, a MSF observa que em 7 de fevereiro passado, milicianos cristãos irromperam numa casa onde se refugiavam 86 deslocados muçulmanos (homens, mulheres e crianças), matando sete homens.
Soldados da República dos Camarões da Missão Internacional de Apoio à República Centro Africana (MISCA), tentam proteger as pessoas refugiadas na igreja, porém, são em número insuficientes para proteger toda a cidade, informou o comunicado.
Em 12 de fevereiro, a Anistia Internacional (AI) denunciou que as forças internacionais de paz não têm conseguido evitar uma “limpeza étnica” de civis muçulmanos, no oeste da República Centro Africana. O país vive uma escalada de violência protagonizada por milícias muçulmanas e cristãs desde dezembro passado.
A capital Bangui foi tomada em 24 de março passado pela coalizão rebelde Séléka, que assumiu o poder no país após a saída do Presidente François Bozizé. A coalizão, formada por quatro grupos rebeldes, pegou em armas no norte do país em dezembro de 2012 ao considerar que Bozizé não havia respeitado os acordos de paz firmados em 2007.
Os rebeldes são muçulmanos, diante de uma população majoritariamente católica, o que levou o conflito a adquirir características sectárias e religiosas.
Fonte: Rádio Vaticana