“As negociações estão bloqueadas, e não podemos avançar devido à intransigência do governo de Cartum”, declarou à AFP Yassir Arman, chefe da delegação do SPLM-N. As negociações realizam-se sob a égide da União africana.
O Governo sudanês liderado pelo Presidente Omar el-Béchir desmentiu que as negociações estejam paralisadas e acusa o SPLM-N de levantar questões não ligadas às zonas de conflito do Kordofan Sul e do Nilo Azul, onde a rebelião está activa há três anos.
Cartum está “disposta a prosseguir o diálogo com vista a chegar a uma solução aceitável para as duas partes”, disse a delegação governamental num comunicado.
Ibrahim Ghandour, que dirige a delegação, disse no início das negociações, que devem ser consagradas aos aspectos de segurança, políticas e humanitárias.
A Organização das Nações Unidas pediu ao governo e aos rebeldes para declararem um cessar-fogo imediato para poderem socorrer um milhão de civis.
As negociações de Addis Abeba começaram há duas semanas após um apelo do Presidente Omar el-Béchir para um “renascimento” político e económico, tendo como prioridade a paz, acompanhado de um convite a um diálogo político alargado, nomeadamente com as rebeliões activas no Sudão.
Ataque no Sudão do Sul
Os rebeldes do Sudão do Sul lançaram ontem uma ofensiva contra a cidade de Malakal, a capital do Estado petrolífero do Alto Nilo, no primeiro ataque desde que a rebelião e o governo aceitaram estabelecer um cessar-fogo em Janeiro.
O porta-voz do Exército sul-sudanês, Phillip Aguer, confirmou à EFE que decorriam confrontos em Malakal entre as forças governamentais e combatentes rebeldes.
Malakal mudou várias vezes de controlo desde o início do conflito no Sudão do Sul em meados de d, Oezembro do ano passado, quando as autoridades acusaram o ex-vice-presidente Riak Mashar de uma tentativa de golpe de Estado. O Exército recuperou a cidade pela segunda vez no dia 20 de Janeiro e três dias depois houve um acordo de cessar-fogo em Adis Abeba. Desde então não aconteceram combates como os de ontem.
Testemunhas locais relataram em declarações à Efe que os combates se desenrolam no norte da cidade e que os civis fugiram ou se refugiaram em igrejas e na sede da ONU.
Pelo menos 200 civis, incluindo mulheres e crianças, morreram afogadas em Janeiro quando tentavam fugir dos combates em Malakal numa embarcação.
O conflito, no qual já morreram milhares depessoas, deixou à beira de uma guerra civil o jovem país, que conquistou a independência em Julho de 2011.
Fonte: Jornal de Angola