O relatório “Tendências de Asilo” do ACNUR, de 2013, aponta que 612.700 pessoas solicitaram asilo na América do Norte, Europa, leste da Ásia e Pacífico no ano passado, o maior número desde 2001. Isso reflete uma mudança na dinâmica internacional: o Afeganistão, que nos últimos dois anos foi o principal país de origem dos requerentes de asilo, foi o terceiro, atrás da Síria e da Federação Russa, em termos de novas solicitações. Entre os 10 primeiros países de origem, seis estão atualmente sofrendo violência ou conflito, Síria, Afeganistão, Eritreia, Somália, Iraque e Paquistão.
“Estes dados oferecem uma clara evidência de como a crise na Síria, em particular, está afetando países e regiões do mundo que estão distantes do Oriente Médio”, disse António Guterres, Alto Comissário da ONU para Refugiados. “Isso faz com que seja ainda mais importante que os refugiados e as comunidades que os recebem sejam adequados e solidamente apoiados”.
Em 2013, o maior aumento em solicitações de asilo por região foi em 38 países da Europa, que receberam no total 484.600 solicitações – um acréscimo de um terço desde 2012. A Alemanha foi o maior receptor com 109.600 novas solicitações de asilo. França (60.100) e Suécia (54.300) também foram importantes países de acolhida. Turquia, que atualmente acolhe o maior número de refugiados na Europa por causa da crise na Síria – até o dia 18 de março tinha uma população de refugiados sírios registrados de 640.889 – também recebeu mais 44.800 solicitações de asilo em 2013, principalmente de cidadãos do Iraque e do Afeganistão. A Itália recebeu 27.800 solicitações e a Grécia 8.200.
A América do Norte ficou em segundo lugar no número de solicitações de asilo, chegando a 98.800 no total. No entanto, nesta região o principal país de origem das solicitações é a China. Canadá, que teve mudanças recentes na sua política de asilo, recebeu aproximadamente 10.400 solicitações – a metade do total recebido em 2012 (20.500). Os Estados Unidos (88.400) têm sido por muito tempo o líder entre os países industrializados no número de solicitações recebidas, e em 2013 foi o segundo, ficando atrás da Alemanha em número de solicitações.
No leste da Ásia e do Pacífico, tanto Japão (3.300) como a República da Coréia (1.600) receberam números recordes de solicitações em relação aos anos anteriores. A Austrália (24.300) também experimentou um aumento significativo comparado com os números de 2012 (15.800), colocando o país no mesmo patamar da Itália.
Os solicitantes de asilo que chegam aos países industrializados devem submeter-se a avaliações individuais para determinar se eles se qualificam para o estatuto de refugiado. Em consequência, o número de pessoas que solicitam o estatuto é maior que aqueles que são aceitos como refugiados. Para os 44 países industrializados que são mencionados no informe de “Tendências de Asilo”, os índices de aceitação variam muito e tendem a ser maiores para pessoas que fogem de conflitos. Por exemplo, os índices de aceitação para pessoas da Síria, Eritréia, Iraque, Somália e Afeganistão são entre 62 e 95%. Os índices de aceitação para cidadãos da Federação Russa e Sérvia [e Kosovo: Conselho de Segurança - Resolução 1244 (em 1.999)] são significativamente mais baixos: aproximadamente entre 28% e 5% respectivamente.
O ACNUR monitora o deslocamento forçado global e publica uma série de informações todo ano que mostram tendências mundiais. Os três maiores componentes de deslocamento forçado global são: o deslocamento interno, a população de refugiados e os solicitantes de asilo – no total somam 42.5 milhões de pessoas, segundo os números do começo de 2013. A próxima atualização dos dados oferecidos pelo ACNUR, no Informe Anual de Tendências Globais (Global Trends Report), será publicada em junho deste ano.
Fonte: ACNUR