Mais de 1.500 petizes que concluíram o ensino primário, albergados no Centro de Refugiados de Maratane, no distrito de Rapale, na província de Nampula, interromperam a instrução em virtude da falta de uma escola secundária. Para além deste grupo, há centenas de crianças que vivem nas comunidades circunvizinhas na mesma situação, facto que pode comprometer o futuro das mesmas.
Paradoxalmente, há sensivelmente dez anos, o governo provincial de Nampula mandou encerrar as portas de uma escola francesa que leccionava o nível médio no Centro de Refugiados de Maratane, alegadamente por falta de qualificação para o efeito.
Desde essa altura, segundo o delegado do Instituto Nacional de Apoio aos Refugiados (INAR) em Nampula, Manuel Wachave, os estudantes que eram, anualmente, graduados na 7ª classe beneficiavam de um subsídio de transporte para prosseguir com a sua formação académica nas escolas da cidade de Nampula, o que já não acontece devido ao facto de o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), o financiador da iniciativa, ter deixado de prestar o seu apoio. Por conseguinte, as crianças estão entregues à própria sorte.
Segundo Manuel Wachave, os 1.500 alunos sem acesso à escola neste momento compõem são os graduados da 7ª classe entre 2006 e 2013. Este número é um indicador claro de que no Centro de Refugiados e as comunidades próximas precisam de uma escola secundária. Alguns instruendos estudam no lar de Merruto e outros no lar do distrito de Rapale. Todavia, o INAR e as famílias dos petizes não dispõem de fundo para suportar as despesas de alojamento e alimentação, por exemplo.
Fonte: Verdade