Os ataques vão aumentar com a proximidade das presidenciais, marcadas para 3 de Junho.
Pelo menos 21 pessoas foram mortas por um morteiro lançado por rebeldes islâmicos na quinta- feira à noite contra um comício de apoio, no distrito de al- Matar Deraa, à reeleição do Presidente sírio Bashar al-Assad.
Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, o bombardeamento atingiu uma tenda onde os apoiantes de Assad se reuniram matando 11 civis – incluindo uma criança. Os restantes eram homens da milícia pró-governo. Pelo menos 30 pessoas ficaram gravemente feridas, por isso é provável que o número de mortes aumente nas próximas horas, relata Jim Muir, repórter da BBC na Síria.
O director do Observatório, Rami Abdel Rahman, disse à AFP que o ataque “é uma mensagem clara dos rebeldes ao regime para que não se realize as eleições, já que é demasiado perigoso”.
As eleições estão marcadas para dia 3 de Junho e é espectável que ataques deste tipo se intensifiquem até ao dia da votação. Segundo Jim Muir, o Governo Sírio tem sido bastante” ingénuo” por não ter tido a noção que os ataques iriam aumentar com o aproximar das eleições.
Bashar al-Assad, que já se encontra no poder há 14 anos (sucedeu ao pai), deverá garantir o seu terceiro mandato, apesar da intensa guerra civil que dura há mais de três anos e desta ser a primeira vez que tem “opositores” a concorrer contra si – são dois e pertencem à oposição tolerada.
As mesas de voto também serão condicionadas pelo regime, que só permitirá a existência destas nas regiões controladas pelo Governo.
No início de Maio, o ministro dos dos Negócios Estrangeiros britânico, William Hague, chamou a estas eleições uma “paródia democrática” e repetiu o seu apelo para que Bashar al-Assad renuncie ao cargo.
A realização das eleições é considerada um revés para a oposição, que se revoltou contra o regime de Assad, após uma brutal repressão de protestos na cidade de Daraa, em Março de 2011. Em 2013 a maré começou a virar-se decididamente contra a oposição, a partir da entrada na guerra civil, ao lado de Assad, da milícia xiita libanesa Hezbollah, financiada por Assad.
Quinta-feira os rebeldes sofreram mais um forte revés. As forças do regime conseguiram finalmente romper o cerco imposto pelos rebeldes na prisão central da cidade-chave de Alepo (Norte), que era até então uma das principais fontes de abastecimento das forças contrárias ao regime.
Uma fonte militar síria disse à AFP que o exército assumiu o controlo de “várias áreas em torno da prisão e que, em breve, Alepo estará numa situação mais confortável”, sem adiantar mais detalhes.
Alepo, considerada antes da guerra a capital económica do país, foi mantida fora dos combates até que em Julho de 2012 um movimento de protesto pacífico na cidade foi severamente reprimido pelo regime. Agora, o centro histórico de Alepo, uma das cidades mais antigas do mundo, está terrivelmente destruído, e vive-se ali um grave situação humanitária.
Num relatório entregue ao Conselho de Segurança, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, observou que o conflito está a restringir “arbitrariamente” a ajuda humanitária e que “a situação no terreno se agravou consideravelmente”.
Ban Ki-moon lamenta a recusa do regime em permitir a passagem de comboios humanitários através das fronteiras da Síria com a Turquia, Iraque e Jordânia, conforme exigido pela resolução 2139 aprovada a 23 de Fevereiro de 2014.
Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, desde o início da guerra civil, a 11 de Março de 2001, já morreram mais de 160 mil pessoas e milhões tiveram que abandonar as suas casas, refugiando-se nos países vizinhos - alguns tentam chegar à Europa.
Fonte: Público