Segundo o Comitê Nacional de Refugiados (Conare), vivem, atualmente, no Brasil, 5,2 mil estrangeiros nesta situação e mais um sem-número de solicitantes de refúgio. São pessoas de 80 nacionalidades diferentes, que chegam ávidas de aprender mais sobre o país, na busca por inserção social e por uma oportunidade de reconstruir a vida.
Uma iniciativa muito especial da Cáritas-RJ começa, no entanto, a inverter o processo e a criar, para as crianças cariocas, a primeira oportunidade de conhecer esses estrangeiros. A parceria, formada com a Escola Municipal Friedenreich (2ª CRE), inaugurou, agora em maio, a possibilidade de turmas inteiras ouvirem o relato direto sobre como é a vida em outras partes do mundo e, com isso, ampliarem seu horizonte cultural.
Souzy Kongolo, nascida na República Democrática do Congo, onde a língua oficial é o francês, foi a primeira a participar do evento, que deve se repetir todo mês na programação da escola, trazendo convidados de diversas origens. Em português, ela falou para um grupo com cerca de 30 crianças do 1º ano, e estava muito bem acompanhada. Afinal, levou os filhos gêmeos, Acácia e Benjamin, de 6 anos, e a caçula nascida no Brasil, Aline, de 6 meses, para participarem. A mãe explicou como foi sua infância no Congo e, depois, cantou, junto com os filhos, algumas canções no dialeto lingala, muito difundido naquele país.
“Eu gostei muito de participar dessa atividade. As crianças foram muito carinhosas e muito respeitosas comigo e com meus filhos. Se me chamarem de novo para outros eventos na escola, eu voltarei com alegria”, disse Souzy, que vive no Brasil há quase um ano e, no momento, ainda aguarda um parecer do Conare sobre o status definitivo de refúgio para toda a família.
A coordenadora pedagógica da escola, Andréa Neves, pretende repetir a atividade na Sala de Leitura, de forma que os alunos de todas as idades tenham a oportunidade de participar. “Nós acreditamos que essa iniciativa amplia a qualidade da educação oferecida pela escola, além de proporcionar novas experiências às crianças. Isso contribui muito para o aprendizado delas. Tenho certeza de que elas não vão esquecer o que vivenciaram neste evento.”
Fonte: MultiRio