A revolta contra o regime sírio de Bashar al-Assad desencadeada há mais de 3 anos se converteu em uma guerra que já deixou mais de 162 mil mortos
A revolta contra o regime sírio de Bashar al-Assad desencadeada há mais de três anos se converteu em uma guerra que já deixou mais de 162.000 mortos, milhares de refugiados e um país em ruínas.
Vítimas
Segundo o último balanço do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH, 19 de maio), 162.402 pessoas morreram nesta guerra entre o regime e os rebeldes, e entre estes últimos e os jihadistas, em sua maioria estrangeiros.
Entre as vítimas há mais de 53.978 civis, dos quais 8.607 crianças.
O OSDH, uma ONG com sede no Reino Unido, conta com uma rede de ativistas e fontes médicas e militares em terra.
Além de civis, entre os mortos há 42.701 combatentes rebeldes, dos quais mais de 13.500 jihadistas da Frente Al-Nosra e do Estado Islâmico do Iraque e Levante.
Também perderam a vida 61.170 membros das forças de segurança: 37.685 soldados e 23.485 milicianos.
Ao menos meio milhão de pessoas ficaram feridas, segundo dados da Cruz Vermelha Internacional do fim de 2013.
O OSDH afirma que há “dezenas de milhares” de detidos nas prisões do regime, nas quais, segundo as ONGs, ocorrem torturas e execuções sumárias.
O número de crianças afetadas pela guerra mais do que duplicou no terceiro ano de guerra, alcançando 5,5 milhões, e um milhão de crianças encontram-se em zonas sitiadas ou inacessíveis, adverte a Unicef, o fundo das Nações Unidas para a Infância.
Segundo um estudo da rede euro mediterrânea de direitos humanos (novembro de 2013), muitas mulheres foram estupradas na prisão e utilizadas como escudos humanos ou sequestradas para exercer pressão e humilhar suas famílias.
Refugiados e deslocados
No dia 4 de maio, a ONU criticou a comunidade internacional por não fornecer ajuda suficiente aos milhares de refugiados na região e nos países de acolhida. “Estes países receberam três milhões de refugiados sírios registrados e não registrados e este enorme impacto não está plenamente reconhecido”, lamentou a ACNUR, agência da ONU para os refugiados.
Segundo a ONU, no início de abril o número de refugiados chegava a mais de 2,8 milhões, dos quais mais de um milhão estão no Líbano. A Turquia acolhia 770.000 (um milhão, segundo Ancara, desde o fim de abril), a Jordânia quase 600.000, o Iraque cerca de 220.000 e o Egito 137.000.
Além disso, 6,5 milhões de pessoas foram deslocadas no interior da Síria.
Drama humanitário e consequências econômicas
A situação humanitária alcançou um nível crítico, segundo a ONU.
Três em cada quatro sírios vivem na pobreza e mais da metade (54,3%) na extrema pobreza, segundo um relatório da organização publicado no fim de maio.
Além disso, mais de 20% da população não tem meios para satisfazer as suas necessidades básicas, e nas regiões sitiadas sofrem de fome e desnutrição.
Dos 91 hospitais públicos, 61 foram atingidos e quase a metade deles está fora de serviço. Também foram afetados 53 centros hospitalares privados.
Os beligerantes na Síria seguem restringindo de forma arbitrária o fornecimento de ajuda humanitária e a situação em terra piorou, lamentou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em um relatório transmitido no dia 22 de maio ao Conselho de Segurança.
A Comissão da ONU sobre as violações dos direitos humanos denunciou que o regime ataca as cidades e utiliza a fome como método de guerra.
Segundo a ONU, o PIB se contraiu 41% em relação a 2010. A inflação alcançou 178% em três anos e o desemprego subiu a 54,3% no terceiro trimestre de 2013.
Segundo fontes oficiais, a destruição provocada pela guerra chega a 31 bilhões de dólares e a produção de petróleo caiu 96%.
Fonte: Exame