A Agência da ONU para Refugiados juntou-se aos principais países acolhedores de refugiados sírios para convidar a comunidade internacional à intensificar significativamente os esforços e resolver o crescente impacto humanitário da crise na Síria.
Este último apelo foi seguido de uma reunião no campo para refugiados de Za’atari, e foi presidida pelo ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Nasser Judeh, e o Alto Comissário da ONU para Refugiados, António Guterres. Estavam presentes também autoridades do Iraque, Líbano, Turquia e Egito.
Juntos, os cinco países representados na reunião hospedam cerca de 3 milhões de refugiados sírios. O fluxo de refugiados desde o começo da crise, em 2011, colocou uma enorme pressão em seus orçamentos e infraestrutura, fazendo com que alguns serviços como educação e saúde chegassen ao seu ponto de ruptura em algumas comunidades anfitriãs.
“O alastramento da crise humanitária na Síria resultou em graves encargos para os países sentados a esta mesa”, disse Judeh. “Apelamos à comunidade internacional para aceitar o desafio e serem mais ativos e disponíveis para partilhar estes encargos”.
Em um comunicado emitido após a reunião, Guterres e os ministros convidaram outros países a aumentarem sua assistência financeira e de desenvolvimento aos países de acolhimento, e para manter suas fronteiras abertas para os sírios em busca de proteção.
“A verdade é que o apoio internacional para com os governos e comunidades acolhedoras tem sido pequena em relação às necessidades”, disse Guterres. “Devido ao caráter prolongado da crise, este apoio deve aumentar consideravelmente nos próximos meses”.
Até o momento, apenas 25% do financiamento solicitado no âmbito do “Plano da ONU de Resposta Regional para a Síria 2014” se materializou, e o apoio financeiro direto para os países anfitriões também está abaixo do nível esperado. Como resultado, as comunidades de acolhimento estão lutando para manter serviços públicos básicos em algumas áreas devido à demanda adicional criada pela presença de tantos refugiados sírios.
Após a reunião, Guterres e os ministros viajaram para uma escola na cidade vizinha de Mafraq, onde alunos sírios frequentam as aulas junto com seus colegas jordanianos em salas superlotadas.
No total são mais de 120.000 crianças sírias matriculadas atualmente nas escolas da Jordânia. Todo começo de ano letivo, milhares delas entram no sistema escolar.
Eles também visitaram a maternidade de um hospital de Mafraq que lida com alguns dos nascimentos no acampamento Za’atari. Mais de 3.000 crianças nasceram no exílio de suas mães no campo para refugiados desde sua abertura, há dois anos.
Embora salientasse a necessidade de uma maior assistência internacional para os refugiados e os países anfitriões, Guterres disse que a única solução duradoura para a crise seria um fim para o conflito na Síria. “É claro que não há uma solução humanitária para a crise, a solução é política”, comentou. “Também não há uma solução militar. Esta é uma guerra onde ninguém está ganhando e todo mundo está perdendo”, acrescentou o Alto Comissário.
Por Charlie Dunmore em Amã, Jordânia
Fonte: ACNUR