“Qualquer um pode ter excelentes e nobres valores. Mas o que realmente importa é o comportamento humano.
Que tipo de homem é você? Que tipo de mulher é você?”
Mariane Pearl
Mariane Pearl nasceu na França, em 1967, filha de um dinamarquês com uma cubana. Quando tinha nove anos, seu pai suicidou-se devido à desilusão que sofrera com a política, com a qual acreditara que poderia salvar o mundo. Suas últimas palavras para Mariane foram: “Não seja cínica, o cinismo é a arma dos fracos”.
Cresceu em Paris, onde conheceu Daniel Pearl, repórter do Wall Street Journal, em 1998. Casaram-se um ano depois na Normandia e se mudaram para Mumbai, pois Daniel era responsável pela sucursal do jornal no sul da Ásia. Também em 1999 a mãe de Mariane faleceu.
Estava grávida de cinco meses quando viajou com o marido ao Paquistão, em virtude de uma investigação de Daniel sobre uma suposta ligação entre a rede terrorista al-Qa’ida e Richard Reid, inglês conhecido como “the shoe bomber”.
Em 23 de janeiro de 2002, Daniel foi seqüestrado em Karachi. Quatro dias depois, seus seqüestradores, pertencentes ao Movimento Nacional para a Restauração da Soberania do Paquistão, enviaram um e-mail aos meios de comunicação acusando Daniel de espionagem a serviço da CIA e exigindo melhores condições para os detidos em Guantánamo, Cuba, entre outras reivindicações políticas.
Em 30 de janeiro, um segundo e-mail ameaçava assassinar Daniel e outros jornalistas norte-americanos em 24 horas, caso eles não deixassem o Paquistão. Mariane chegou a fazer um apelo pela vida do marido durante transmissão da rede estadunidense CNN, mas sem sucesso.
Apesar de todos os esforços, em 21 de fevereiro, um vídeo de três minutos e meio foi deixado no consulado dos EUA em Karachi, comprovando o assassinato de maneira cruel e brutal de Daniel.
Após a tragédia, a jornalista francesa transformou o horror da perda e o medo da impotência no compromisso de honrar dois princípios: a ética e a verdade. Mariane estava convencida de que, se os assassinos de seu marido queriam mostrar o lado horrível da humanidade, sua verdadeira vingança seria expor a integridade, a beleza e a resistência da vida.
Escreveu “A Mighty Heart”, livro de memórias para celebrar os valores de humanismo, esperança e dignidade, através do relato da investigação conduzida para tentar resgatar Daniel no Paquistão. A obra foi traduzida para 15 idiomas e inspirou o filme lançado em 2007, estrelado por Angelina Jolie no papel de Mariane.
Movida pela ideia de que a esperança existe, a questão está em onde encontrá-la, Mariane escreveu seu segundo livro, “In Search of Hope”, no qual reúne os perfis que escreveu para sua coluna na revista Glamour sobre mulheres extraordinárias de diversos países ao redor do mundo que dedicam suas vidas à luta contra a injustiça. Mulheres do Camboja, Cuba, Libéria, México, Turquia, Colômbia, Porto Rico, Uganda, Senegal, Itália etc. que se tornaram exemplos inspiradores ao utilizarem suas próprias vidas para mudar o mundo a sua volta.
Mariane escolheu se concentrar apenas em histórias de mulheres porque as classifica como as mais corajosas, resistentes e determinadas agentes de mudança no mundo. Para a jornalista, as mulheres são as bases de todas as famílias e comunidades, então, quando uma mulher se levanta para lutar pelo que acredita, ela carrega consigo famílias e comunidades inteiras.
As mulheres perfiladas no livro lutaram contra dúvidas e medos, converteram raiva em indignação e esta em ação, e assim fizeram renascer a esperança, como a própria Mariane fez. Mulheres reais que choraram, suaram e sangraram ao defender com fé e coragem questões que, em última instância, afetam a todos nós.
Atualmente, Mariane é editora-chefe do Chime for Change, movimento global que visa promover educação, saúde e justiça para todas as meninas e mulheres no mundo. A campanha foi fundada pela grife italiana Gucci para angariar fundos e conscientizar as pessoas sobre a importância do empoderamento feminino. Convencida de que as mulheres oferecem mais esperança para o futuro, Mariane reúne histórias inspiradoras de meninas e mulheres ao redor do mundo.
Mariane também integra o conselho honorário da Fundação Daniel Pearl, criada pelos pais de Daniel para promover internacionalmente a tolerância e a compreensão através do jornalismo, da música e do diálogo.
Entre os diversos prêmios que já recebeu, estão: Internews Media Leadership Awards, El Mundo Award for Excellence in Journalism e Glamour Woman of the Year Award.
Introdução do livro “In search of hope”:
Quando confrontados com manchetes aparentemente intermináveis sobre tudo o que está acontecendo no mundo, a maioria de nós leva no piloto automático, lutando para resistir às garras da impotência – este sentimento que faz com que o coração se abra em uma fenda da mesma forma que as secas abrem a terra ressequida . Estas rachaduras em nossos corações são os lugares onde o medo se instala, distorcendo nossa percepção do mundo e as nossas relações com os outros. Este medo permite que os valores que são essenciais para a nossa integridade ( justiça, dignidade e empatia) permaneçam reféns da retórica vazia. Mas isto não é o mundo. Não necessariamente.
Fontes: Oprah, Independent, Mariane Pearl