Instituído em 1954 por G.H. van Heuven Goedhart (link), Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados à época, o Prêmio Nansen é concedido anualmente a um indivíduo ou a um grupo de pessoas / organização em reconhecimento aos seus serviços humanitários dedicados aos refugiados.
Conhecido anteriormente como Medalha Nansen, o Prêmio presta homenagem a Fridtjof Nansen (link), o primeiro Alto Comissário para os Refugiados da Liga das Nações. G.H. van Heuven Goedhart era um grande admirador de Nansen e esperava incentivar a assistência e a cooperação internacional e garantir mais visibilidade à causa do refúgio através do Prêmio.
Qualquer pessoa pode indicar alguém ou algum grupo de pessoas / organização para concorrer. Funcionários e voluntários do ACNUR não são elegíveis e autoindicações são fortemente desencorajadas. O vencedor é selecionado por um comitê especial, composto por um membro designado pelo governo norueguês, um membro designado pelo governo suíço, o Secretário-geral do Conselho da Europa, o presidente do Standing Conference of Voluntary Agencies, o Alto Comissário do ACNUR, o presidente do Comitê Executivo (ExCom) e um membro rotativo convidado.
O comitê seleciona o vencedor independente de credo, cor da pele, idade ou profissão. Os critérios para a escolha são: o trabalho do laureado deve ir além do mero dever e deve se sobressair das obrigações profissionais regulares; deve demonstrar coragem, enfrentando, eventualmente, risco pessoal; deve impactar direta e positivamente a vida dos deslocados ou apátridas; deve trazer a conscientização à causa do refúgio e refletir os valores do ACNUR.
O anúncio do vencedor é feito em setembro e a cerimônia de premiação ocorre no mês seguinte, em Genebra (Suíça), a capital humanitária do mundo. O Prêmio, o mais importante concedido pelo ACNUR, consiste em uma medalha comemorativa e 100 mil dólares doados pelos governos da Noruega e Suíça, quantia que o vencedor pode doar para a causa que escolher.
Para mais informações, visite o site oficial do Prêmio Nansen: http://www.unhcr.org/nansen
Laureados
2013 | Irmã Angélique Namaika
Através do Centro para Reintegração e Desenvolvimento, do qual é cofundadora, a freira Angélique Namaika já ajudou mais de duas mil mulheres e meninas forçadas a se deslocarem devido à violência de grupos rebeldes armados na República Democrática do Congo.
Muitas delas foram sequestradas e submetidas a trabalhos forçados, abusos sexuais, agressões físicas e psicológicas. Desde 2008 o Centro ajuda as vítimas a superarem o trauma e o estigma e a reconstruírem suas vidas, devolvendo-lhes a confiança e oferecendo meios para que se tornem autossuficientes.
2012 | Hawa Aden Mohamed (Somália)
O trabalho de Hawa Aden Mohamed, fundadora e diretora de Centro Educacional para a Paz e o Desenvolvimento de Galkayo (GECPD, em inglês), é inspirado na convicção de que a educação é a base de tudo, especialmente para as meninas.
Através do GECPD, Hawa já ajudou mais de 215 mil pessoas, entre deslocadas, vítimas e sobreviventes de violência, a se recuperarem e reconstruírem suas vidas na Somália. Fundado em 1999, o GECPD oferece ensino secundário e formação profissional para mulheres e meninas deslocadas, além de aconselhamento àquelas circuncidadas ou vítimas de violência de gênero.
2011 | Nasser Salim Ali Al-Hamairy & a Sociedade para Solidariedade Humana (SHS) (Iêmen)
Fundada em 1995 por Nasser Salim Ali Al-Hamairy, a organização não governamental Sociedade para Solidariedade Humana (SHS) patrulha 600 dos 2.000 quilômetros da costa do Iêmen, prestando serviços de salvamento aos milhares de refugiados e migrantes vindos do Chifre da África. A equipe da SHS resgata pessoas no mar, realiza os primeiros socorros aos feridos, garante refeição aos sobreviventes e o transporte para os centros de recepção. Frequentemente, enterra os corpos dos que morreram na travessia do Golfo de Aden. A SHS também apoia a comunidade local para mitigar o impacto do fluxo de refugiados sobre a população iemenita e colabora na manutenção de campo de refugiados e abrigos. A ONG é financiada pela comunidade humanitária internacional e por doações públicas e é a primeira vencedora de um país árabe do Prêmio Nansen. Com o dinheiro do Prêmio, a SHS inaugurou a escola primária “Nansen” no campo de refugiados Kharaz.
2010 | Alixandra Fazzina (Reino Unido)
A foto-jornalista britânica Alixandra Fazzina foi laureada por sua dedicação em documentar e divulgar as consequências humanas da guerra e da miséria. Grande parte de seu trabalho retrata o sofrimento de refugiados e deslocados internos no Leste Europeu, África, Oriente Médio e Ásia. O Comitê do Prêmio Nansen destacou os testemunhos de Fazzina sobre o abuso de crianças por milícias na República Democrática do Congo e em Uganda, os refugiados somalis que atravessam o Golfo de Aden para o Iêmen, as vítimas de minas terrestres no Kosovo, os civis presos atrás de linhas inimigas em Angola, o estupro como arma de guerra em Serra Leoa, entre outros.