“Love of mankind is politics in practice – Amor da Humanidade é a política na prática”.
“Nothing great and good can be furthered in the world without cooperation – Nada grande e bom pode ser promovido no mundo sem cooperação”.
“O difícil é o que leva um pouco de tempo. O impossível é o que demora um pouco mais”.
Fridtjof Nansen
Os esforços internacionais de assistência aos refugiados começaram formalmente em agosto de 1921, quando o Comitê Internacional da Cruz Vermelha apelou à Liga das Nações para prestar assistência a mais de um milhão de refugiados russos deslocados pela guerra civil, muitos deles ameaçados pela fome. A Liga reagiu designando Fridtjof Wedel-Jarlsberg Nansen como “Alto Comissário em nome da Liga das Nações para tratar dos problemas dos refugiados russos na Europa”. À época, Nansen já era famoso por suas atividades como cientista, explorador polar, ativista político e diplomata.
Fridtjof Wedel-Jarlsberg Nansen nasceu em 10 de outubro de 1861, em Kristiania (atual Oslo), Noruega. Embora sua família fosse relativamente rica, aprendeu o valor do trabalho duro e da disciplina desde criança. Em 1888, obteve PhD em zoologia e, no mesmo ano, foi o primeiro a cruzar o interior de gelo da Groelândia. Também liderou uma expedição de 25 meses pelo Oceano Ártico, chegando mais perto do Polo Norte do que qualquer um antes. Em 1905, atuou diplomaticamente no processo de independência norueguês da Suécia e, de 1906 a 1908, serviu como embaixador de seu país em Londres. Durante a Primeira Guerra Mundial, liderou os esforços diplomáticos da Noruega para garantir alimentos e neutralidade no conflito, trabalhando incansavelmente também para o sucesso da Liga das Nações, a qual enxergava como uma nova esperança à humanidade.
Nansen serviu como primeiro Alto Comissário da Liga das Nações de 1920 a 1930, tendo suas responsabilidades iniciais alargadas, abrangendo além de refugiados russo, gregos, búlgaros armênios e outros grupos específicos. Sua inteligência, coragem e carisma foram determinantes para angariar apoio de governos e agências humanitárias.
Com apenas £4.000 dados pela Liga das Nações, Nansen empreendeu a tarefa de definir o estatuto jurídico dos refugiados russos, organizar o emprego destes nos países de acolhimento (trabalhando em estreita colaboração com a Organização Internacional do Trabalho e ajudando cerca de 60.000 refugiados a encontrar emprego) e o repatriamento de 450.000 prisioneiros de guerra em dois anos, através da primeira grande operação humanitária da Liga.
Quanto à proteção jurídica dos refugiados, Nansen observou que um dos maiores problemas enfrentados pelos desenraizados era a falta de papeis de identificação reconhecidos internacionalmente que atestassem a condição de refúgio. Assim, organizou conferência internacional da qual resultou a criação de documentos de viagem e de identidade para os refugiados, comumente denominados “passaportes Nansen”, posteriormente reconhecidos por mais de cinquenta países.
Quando as negociações com a URSS acerca do repatriamento dos refugiados russos foram frustradas, Nansen adotou medidas adicionais, prevendo um estatuto jurídico seguro para os refugiados nos países de acolhimento, os primeiros instrumentos jurídicos que serviriam mais tarde como base para as Convenções de 1933 e de 1951 relativas aos refugiados.
Em 1922, Nansen foi confrontado com outra crise: o êxodo de quase dois milhões de refugiados da guerra entre a Grécia e a Turquia. Dirigiu-se imediatamente para o local para coordenar os esforços da ajuda internacional. Quando se encontrava na Grécia, Nansen sublinhou a neutralidade do Alto Comissário: apesar de culpar pessoalmente a Turquia, prestou assistência tanto aos gregos, como aos turcos, encontrando-se com oficiais dos dois campos e colaborando com o repatriamento de centenas de gregos e turcos.
Nansen criou o que viria a ser a estrutura básica do ACNUR (um comissariado com um Alto Comissário em Genebra e representantes locais nos países de acolhimento). Em 1922, sua atuação humanitária com os refugiados russos foi recompensada com o Prêmio Nobel da Paz.
Após a sua morte em 1930 devido à embolia cerebral, o Gabinete Internacional Nansen foi responsável por dar continuidade ao seu trabalho, perpetuando a coragem e a compaixão de Nansen como inspiração. Desde 1954, o ACNUR atribui anualmente o Prêmio Nansen a indivíduos ou grupos de pessoas que tenham prestado serviços excepcionais em prol dos refugiados.
Para saber mais, confira este vídeo sobre Fridtjof Nansen.
Fontes:
MNC
Nobel Prize
UNHCR