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Luiz Martins de Souza Dantas | IKMR

 

Luiz Martins de Souza Dantas | IKMR

Bacharel em Direito aos 21 anos, Luiz Martins de Souza Dantas chegou ao posto de embaixador em 1919, sendo responsável pela representação brasileira em Roma. Em 1922, foi nomeado embaixador em Paris, onde permaneceu por mais de vinte anos.

Responsável pela missão diplomática brasileira na França durante a Segunda Guerra Mundial, Souza Dantas concedeu visto de entrada no Brasil a judeus, comunistas, homossexuais e outros grupos perseguidos pelos nazistas, salvando cerca de 800 pessoas do extermínio entre junho de 1940 e janeiro de 1941.

Movido pelo que chamou posteriormente de “os mais elementares sentimentos de piedade cristã”, Souza Dantas arriscou à carreira e a própria vida ao contrariar o Terceiro Reich de Adolf Hitler e as orientações da política de imigração brasileira do Estado Novo de Getúlio Vargas.

O grande obstáculo para os refugiados não era conseguir um navio para a travessia do Atlântico, mas os vistos necessários à entrada nos países de destino, sendo raro um embaixador conceder a autorização.

Souza Dantas emitia os vistos “irregulares” de próprio punho aos estrangeiros, não exigindo documentos, certidões, taxas, transferências bancárias, jóias, declarações ou atestados, ao contrário de muitos diplomatas à época.  Quem conseguia contatá-lo era salvo, independente da origem étnica. Muitas vezes, Souza Dantas não se limitava a emitir vistos, providenciando também documentos de viagem através de amigos em outras representações diplomáticas.

Chegou a ser acusado de conceder vistos irregulares em inquérito aberto pelo departamento administrativo do serviço público a mando de Vargas. Ao Itamaraty, defendeu-se mentindo que, após a proibição, não deu “um visto sequer”. Descumprindo ordens expressas, ainda salvou dezenas de pessoas.

Qualificado como herói pelos jornais brasileiros, sua notoriedade logo desagradou Vargas e as notícias sobre Souza Dantas caíram na censura do Estado Novo, ficando o diplomata fora de evidência no Brasil. Com o fim do Estado Novo e a influência política de antigos companheiros do Itamaraty, Souza Dantas foi convidado pelo Ministério das Relações Exteriores para chefiar a delegação brasileira na primeira Assembléia Geral das Nações Unidas.

Mudou-se para Paris e morreu pobre e abandonado, em 1954. O bem mais valioso encontrado no quarto de hotel onde morava foi o cordão de ouro com a medalha do Barão de Rio Branco.

Em 2003, Souza Dantas foi proclamado “Justo Entre As Nações”, título atribuído pelo Museu do Holocausto, em Israel, aos não judeus que arriscaram o cargo, a posição social e a própria vida para ajudar os refugiados do nazismo e que, de fato, salvaram vidas.

O resgate da memória de Souza Dantas, cujo nome foi apagado da história brasileira por determinantes políticos, foi feito pelo historiador Fábio Koifman, em “Quixote nas trevas”.

Fontes: Famosos que partiramVeja abrilRecord


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